É Matemática. Vai encarar???
O Ciência e Tecnologia desta semana desafia você de várias formas.
Primeiro, com questões intrigantes que a Ciência tenta explicar.
Será que todos nós nascemos com uma facilidade natural, uma capacidade inata para o pensamento matemático?
E por que, afinal, a maioria das pessoas acha matemática tão difícil?
Ouvimos pessoas que conhecem a fundo o assunto. Uma delas é Mario
Livio, diretor do telescópio espacial Hubble. Também ouvimos
matemáticos e físicos. E fomos mostrar, na prática, como a matemática
se relaciona com as mais diferentes setores do conhecimento. A arte,
inclusive.
No vídeo abaixo, você vai conhecer Coreografismos, trabalho de Analivia Cordeiro que mistura dança e tecnologia.
Ela mesma conta um pouco sobre o trabalho:
“Comecei a dançar criança, e sempre olhei o movimento do corpo
do ponto de vista matemático e expressivo, ao mesmo tempo. Meu primeiro
trabalho foi em video (1973), quando era adolescente. Decidi fazer um
software para planejar a relação entre as cameras de TV e o movimentos
dos bailarinos, já que não existia nada disponível no mercado. Não
existiam, na época, nem monitores (tela de computador), por isso o
plotter desenhou bonequinhos que os bailarinos dançaram. Resultado: o M3×3
Segui pesquisando a relação da dança com o espaço . Veja só estes lindos desenhos do movimento do corpo no espaço tridimensional, em Nota-Anna - uma notação que criei com Nilton Lobo de 1983 a 1993.
Quando observei o resultado de anos usando a tecnologia (o computador,
principalmente) no meu corpo e no de meus colegas, percebi que era
momento de cuidar da saúde. Dores de tantas horas no computador.
Pesquisei e estudei durante anos, e fiz um site - resultado de uma tese
de doutorado em 2004 - de práticas criativas para fazer o corpo
saudável e feliz, uma parceria arte-ciência, sem dúvida. (Acesse o youtube e faça uma procura pela palavra analiviaplurabelle). Se você quiser conhecer melhor o meu trabalho, acesse o site. “
(Analivia Cordeiro)
Matemática + música = pandeiro funk
Neste vídeo, Sérgio Krakowsky explica (em inglês) o processo que possibilita ao computador tocar e reagir ao som do pandeiro. E, claro, mostra o resultado.
E no texto abaixo, ele fala um pouco mais das influências e do que o motivou a fazer este trabalho:
“Existe experiência pior para um músico do que tocar sobre uma base pré-gravada? É como tocar com um músico surdo. Como fazer o computador escutar e reagir à minha música? Foi a partir dessa pergunta que resolvi unir a minha formação de Matemático e Músico para desenvolver essa pesquisa, orientada por Luiz Velho, no IMPA, Instituto de Matemática Pura e Aplicada.
O Pandeiro Funk, que vocês vêem no vídeo, foi um dos resultados desse
trabalho. Percebi que os softwares que eu tinha desenvolvido já me
permitiam subir ao palco e tocar com a máquina, mas restava uma
pergunta: que estilo de música era o adequado para aplicar essa nova
tecnologia? Pesquisei diversas vertentes da música eletrônica, o
Drum’n'Bass, o House, o Tecno, mas percebi que o Brasil já tinha o seu
estilo próprio: o Funk Carioca. Muita gente não se dá conta de que o
Funk, desde o final dos anos 90 não é mais música americana,
abrasileirou geral. Trata-se de mais um caso de antropofagia
genuinamente brasileira: comemos James Brown com Makulêlê e farinha, e
regurgitamos o Tamborzão.
Muito músico bom, ao ouvir o Funk, diz: “Isso não é música”. Discordo.
Confesso que não gosto das letras, não me interessam, prefiro as de
Chico Buarque ou Thiago Amud. Mas a força da batida é real, “quando
toca ninguém quer ficar parado”, e isso ninguém discute.
Resolvi unir as pontas. Minha formação musical foi o Choro, foram as
noites no Semente, na Lapa carioca, tocando com grandes nomes da música
instrumental. Essa música que atualmente é sinônimo de refinamento e
virtuosismo aparenta estar muito distante do fenômeno de massa que é o
Tamborzão (principal batida do Funk). Mas se formos olhar com mais
atenção, sem nos prendermos a preconceitos, percebemos que ritmicamente
existem semelhanças e afinidades incríveis.
Decidi promover esse encontro em um projeto experimental chamado
ChoroFunk, em janeiro de 2009, no tradicional Clube dos Democráticos,
na Lapa, Rio de Janeiro. Foi lá que fizemos diversas experiências
musicais juntando Jacob do Bandolim e Waldir Azevedo aos samples do DJ
Sany Pitbull.
Uma dessas experiências foi testar o software que vocês vêem no vídeo
acima. Todos os sons eletrônicos e as imagens projetadas ao vivo são
disparadas por comandos rítmicos. Não uso nenhum tipo de pedal e toda a
comunicação entre o músico e a máquina são feitos através do som do
pandeiro.
Se vê, portanto, que é possível dar ao músico ferramentas para que ele
possa lidar não só com o universo acústico mas também com o eletrônico,
e sem perder o groove!”
(Sérgio Krakowsky)
Ainda tem muito mais no blog esta semana pra você.
Um abraço
Eliane Camolesi, editora C&T.